Das mais de mil árvores plantadas ao longo de cinco quilômetros da avenida Duque de Caxias, que atravessa o bairro Fragata, Zona Oeste de Pelotas, cem estão comprometidas, com laudo para supressão. Risco já identificado pela prefeitura para um local de intenso movimento de pessoas. Frequentar os canteiros faz parte da rotina dos moradores, seja para tomar mate, praticar exercícios físicos ou até mesmo comprar um carro na tradicional feira de veículos aos domingos de manhã, quando moradores de outras áreas da cidade deslocam-se até o Fragata.

Recente estudo realizado pela Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA) revelou cem árvores comprometidas, com o laudo para retirada. “É 10% do total”, resume o secretário Felipe Perez, titular da pasta. Segundo Perez, das mais de mil árvores, a maioria de grande porte, ao longo da Duque de Caxias, pelo menos a metade delas está sendo monitorada pelo Poder Público, que se prepara para licitar o serviço de poda e supressão de plantas como estas, informa Milene Antunes, chefe de departamento da SQA. O serviço deve ser licitado entre junho e julho. Perez ainda comenta que existem muitas outras plantas do mesmo porte que também necessitam de cuidado e atenção, distribuídas nos bairros da cidade e monitoradas por técnicos da Secretaria.

Com uma banca de flores em frente ao Cemitério São Francisco de Paula há 25 anos, Luís Carlos Cruz, 55, se preocupa com as novas bancas de flores construídas abaixo de um eucalipto seco. Com investimento superior a R$ 20 mil, Cruz tem medo que um galho destrua o telhado, recém-construído. “Eu ainda tenho quatro funcionárias. Imagina se cai em cima de alguém?”, indaga. Ele conta que já solicitou e protocolou o pedido de poda, que ainda não aconteceu. Os pequenos galhos, segundo Luís, acabam furando o toldo padrão que todas as bancas terão na parte da frente - cada lona custa em média R$ 600,00.

Quedas
O caso mais lembrado por moradores e comerciantes do bairro levou à morte duas pessoas. Foi no Natal de 2006, quando um eucalipto caiu sobre um Fiat Uno e matou o motorista e o carona, no canteiro central em frente ao Cemitério. Outras três pessoas no banco de trás sofreram ferimentos e foram encaminhadas ao atendimento médico. O caso chocou a cidade na época e a Defesa Civil alegou que o motivo seria o período de chuvas intensas.

Luciara Koschier, 40, cuida de uma floricultura próxima ao local. Com a nova banca em fase de conclusão, as árvores preocupam praticamente todos os proprietários das floriculturas. “A gente corre risco há anos”, comenta, sentada próxima à avenida.

No dia 31 de dezembro de 2015 um galho caiu sobre um Honda Civic estacionado no canteiro próximo ao estádio Nicolau Fico. No momento não havia ninguém dentro do carro e não houve feridos. Outra queda registrada pelo Diário Popular aconteceu em 2007, também no final do mês de dezembro, quando um galho de quase quatro metros destruiu um Palio estacionado e também causou apenas danos materiais. Nos dois episódios foi levantada a necessidade de podas e manejo de galhos podres e plantas comprometidas.

Doação de plantas
De maio até agosto é a época indicada pela SQA para o plantio de árvores. Neste período, a população pode se dirigir ao Horto Municipal, próximo à Estação de Tratamento de Água Santa Bárbara, no bairro Três Vendas. Lá, cada cidadão pode receber até três mudas gratuitamente. Quem precisar de mais quantidade deve se dirigir diretamente à Secretaria, localizada no pátio do Museu da Baronesa, e protocolar o pedido na SQA.

Atividades da SQA 2016
609 supressões
822 podas
4 transplantes (figueiras)
275 árvores plantadas
1.430 mudas doadas

Principais espécies
Ipê-amarelo
Tipuana
Palmeiras jerivá
Grevilha
Arbustos (hibisco e extremosas)